O
tempo não pára. Na sua marcha ininterrupta vai-nos trazendo os anos, os
momentos, as estações, o frio, o calor, a tristeza, a alegria, o sofrimento, o prazer,
a fome, a abundância, o ódio, a amizade, a vitória, a derrota, a infância, a
velhice, a vida, a morte... e traz-nos também o NATAL!
E
nós que somos arrastados por esse "carro"
chamado tempo, implacável e indiferente aos nossos desejos e sentimentos, que
não se detém por um instante sequer para nos prolongar um prazer, nem se apressa
para nos poupar a um tormento, nós - dizia - que muitas vezes nos lamentamos ou
nos revoltamos por essa marcha desumana, quase que a bendizemos, porque ela nos
traz em cada ano o NATAL! Esquecidos de todos os males de que faz larga sementeira
pela nossa vida, agradecemos-lhe por nos trazer outra vez essa quadra bendita.
É
que o NATAL é poesia, é sentimento, é beleza, é inspiração, é maravilha, é
mistério, é divindade, é humanidade, é AMOR.
O
NATAL prende a alma humana, cativa-a emociona-a, encanta-a. Ninguém foge ao seu
encanto. O NATAL reúne as famílias, traz o perdão aos corações, inspira os
artistas, faz por instantes cessar as guerras, emociona os crentes, faz meditar
os ateus.
Passa
um NATAL, logo temos outro, com todo o seu encanto misterioso. É sempre o
mesmo, sempre igual a si próprio. Há dois mil que o mundo o conhece, mas não perde,
no entanto, o seu encanto. As crianças amam-no e todos nós o aguardamos com ansiedade.
Temos saudades dele.
O
NATAL vai e vem. Quando chega traz-nos alegrias e esperanças. Quando parte,
deixa-nos saudades e desilusões.
Queríamos
mantê-lo connosco, que ele nunca passasse; que essa quadra de humanidade, e
compreensão, de boa vontade entre os homens, de paz entre as nações, se
mantivesse, se perpetuasse, fosse eterno. Queríamos um NATAL ETERNO!
Mas
não, isso é impossível. O tempo, esse monstro implacável, sem dó nem piedade,
sem humanidade, indiferente ao nosso sentir, leva-o tão rapidamente! Mal
pronunciamos a palavra Natal, mal temos tempo de contar a história sagrada às
crianças, de saborear um momento de paz ou de entoar um hino de louvor e já o
"carro monstro" o leva para
longe. E ficamos outra vez a olhá-lo, com saudade, enquanto ele, sempre no
mesmo ritmo veloz, se afasta de nós, como quem tem medo ou se sente
escorraçado... Não, nunca teremos esse NATAL ETERNO que tanto desejávamos para
nós, embora Deus no-lo quisesse dar, vindo ao nosso meio, feito homem como nós.
E
não o temos, porque os homens não querem. São eles que expulsam o NATAL. São
eles que não consentem a sua permanência no mundo. São eles que não deixam
parar o tempo.
Não,
os homens não o querem. Eles mataram o NATAL, quando Deus o trouxe, na pessoa
de Cristo, o Salvador. O seu ódio, a sua mentira, a sua vaidade, o seu orgulho,
os seus interesses, a sua ambição, não puderam suportar a presença da Verdade,
da Luz, do Amor. E o NATAL foi morto! Foi expulso do nosso mundo. O Tempo
levou-o e agora, todos os anos volta, numa tentativa de convencer os homens, num
desejo de transformar os seus corações, sem jamais conseguir os seus propósitos
santos. Os homens continuam os mesmos, não querendo o NATAL senão como um
brinquedo de um momento fugidio. "Veio
para o que era seu, e os seus não o receberam." (João 1:11)
"Os homens amaram mais as trevas do
que a luz, porque as suas obras eram más." (João 3:19)
Por
isso, o NATAL (a Harmonia, a Paz, a Justiça, o Amor) vem todos os anos e todos
os anos tem de partir, porque os homens não consentem que habite com eles. Eles
querem um NATAL que dure apenas um instante que passa com o tempo.
Não
querem de maneira nenhuma comprometerem-se. Não querem, de maneira nenhuma o
NATAL ETERNO!
Mas,
que digo eu? Sim, digo bem, mas não digo tudo. É que para alguns, o NATAL é
realmente diferente. Para eles já existe a Paz e a Vida que o NATAL traz. Para
eles o NATAL não é apenas poesia de um momento, mas a mais bela realidade da
vida. Neles está Cristo e nada poderá separá-los do Amor do Salvador: nem a insaciável
maldade humana, nem o implacável correr do Tempo. Para esses, filhos de Deus
pela Fé em Jesus, o NATAL já se tornou em NATAL ETERNO!