quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Salmo 15

No Salmo 14, o homem natural é retratado; no Salmo 15, o retrato é do homem espiritual. O salmo descreve o tipo de pessoa que está em condições de ser hóspede de Deus e as exigências para ele se aproximar de Deus. A estrutura do Salmo é simples. Uma pergunta, a resposta e, então, uma promessa final.

- A Pergunta

Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?” A alusão nestas palavras leva a supor que esse salmo foi escrito por Davi na ocasião em que levou a Arca de volta a Sião (2Samuel 6:12-19).

. O nome santo. Deus é alto e sublime - Quem pode ter comunhão com Ele? É bom meditarmos na natureza de Deus e nos inspirar com um sentimento de reverência para com Ele. Deus é santo e separado do homem em distância e em carácter, sendo, portanto, digno de reverência e de adoração (Isaías 6:1-5).

. O tabernáculo santo. Há referência ao tabernáculo levantado no deserto, que depois foi trazido para a Terra Prometida. Era um lugar santo, porque ali era manifestada a presença de Deus, e isso explica o amor e as ardentes saudades que o próprio lugar inspirava nos escritos espirituais (Salmo 26:8; 27:4; 84:1). Na sua pergunta, o escritor inspirado, interroga quais são as condições segundo as quais Deus oferece a Sua hospitalidade.

. O monte santo. Quem é digno de ser cidadão de Sião, a cidade de Deus? Para nós, hoje, a pergunta significa: "Quem está em condições de morar na Nova Jerusalém?" (Apocalipse 21).

- A Resposta

A condição fundamental é a retidão ou justiça, o que inclui atos virtuosos e verdade no falar. Os verbos no hebraico estão no particípio, representando ação habitual e contínua.

. O que vive com integridade. Ser íntegro é agir de modo correto, perfeito e completo, em total lealdade a Deus. Não se trata de perfeição infalível, mas pelo menos de um sincero desejo de fazer a vontade de Deus.

. E pratica a justiça. Não somente fala acerca da retidão e da virtude como também as pratica. A sua fé é revelada na sua vida justa e reta. Uma boa árvore produz bons frutos; um bom coração, atos virtuosos.

. E, de coração, fala verdade. Mesmo os seus pensamentos não revelados, lá no seu coração, são sinceros e verdadeiros. Na câmara de conselhos, escondida no seu íntimo, não há conversações secretas com aquilo que é falso e traiçoeiro. A verdade, no hebraico, não é somente matéria de factos físicos (como "dois e dois são quatro) como também a lealdade, a sinceridade, e a consistência firme.

. Que não difama com a sua língua. Qualquer pessoa que fala mal do seu próximo, sobretudo na sua ausência, é um difamador. Se aquilo que alega na sua maledicência for falso, estará acrescentando a mentira e a calúnia à sua difamação. Se for verdadeiro o que disse maliciosamente contra o seu próximo, é um difamador que rouba o bom conceito de outra pessoa, e que quebra a lei do amor cristão

. Não aceita nenhuma afronta contra o seu próximo. A palavra próximo aqui significa amigo ou companheiro. Há maldade especial em fazer danos até contra aqueles que mais confiam em nós, e dos quais mais gostamos.

 . Aquele a cujos olhos, o réprobo é desprezado. Não vai agradando aos mundanos, fechando os seus olhos às suas maldades, achando certas as praxes deles, quando o que realmente precisam é de uma repreensão franca e aberta (2Reis 3:14).

. Mas honra aos que temem ao Senhor. Disse Calvino: “Há uma virtude incomum honrar aos homens piedosos e crentes, sendo que, na opinião do mundo, tais homens são frequentemente considerados lixo e escória do mundo” (1Coríntios 4:13).

. O que jura com dano próprio, e não muda". Quando faz uma promessa que, segundo ele, depois calcula ou percebe pelas circunstâncias imprevistas, lhe acarretará prejuízos, ainda assim cumpre a sua palavra (Juízes 11:34,35).

. O que não empresta o seu dinheiro com usura. A Lei proibiu o empréstimo de dinheiro a juros, entre israelitas (Êxodo 22:26; Levítico 25:36; Deuteronómio 23:19). Quando era um estrangeiro que pedia um empréstimo, cobrar juros era permitido. O sistema moderno comercial permite que alguém ponha os seus bens a "render”, recebendo da parte de quem os explora comercialmente um tipo de "juro". Em tal situação, a palavra "usura" é aplicada a métodos ilegais de submeter o devedor a taxas ou prestações além do acordado no contrato.

. Nem aceita suborno contra o inocente. Recusa qualquer suborno, como testemunha ou como juiz, quando é feita uma acusação contra urna pessoa inocente. O contrário era o costume no oriente, e trata-se de um pecado muitas vezes condenado pelos profetas (Isaías 1:23; 5.23; Jeremias 22:17; Ezequiel 22:12; Oseias 4:18), e não está totalmente ausente do mundo moderno.

- A Promessa

"Quem faz isto nunca será abalado.” Não é aquele que lê sobre este modo de vida, nem que ouve falar sobre o assunto, mas o que vive à altura (Mateus 7:24-27; João 13:17; Tiago 1:22-25; 2Pedro 1:10,11).

  

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