Já alguma vez pensámos porque Deus se dedica
tanto? A nossa existência aqui poderia ser medíocre. Jesus poderia ter deixado
este mundo e nós nunca saberíamos a diferença. Mas não foi isso que Ele fez. Se
nós damos presentes para demonstrar o nosso amor, quanto mais Ele! (“Se vós pois, sendo maus, sabeis dar
coisas boas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará
bens aos que Lhe pedirem? Mateus 7:11).
Os dons (bens) de Deus emitem a luz do Seu
coração (“Toda a boa dádiva e todo o
dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem
sombra de variação.” Tiago 1:17).
Todos os dons de Deus revelam o Seu amor,
porém nenhum revela mais o Seu amor do que o dom (presente) da cruz. Eles vieram,
não embrulhados em papel, mas em paixão. Não foram colocados à volta de uma
árvore, mas numa cruz. Foram cobertos com laços, mas salpicados com sangue!
“…ofereça
dons…”
Que dons são estes? Será só o dom da cruz?
Penso que não! E os pregos? A coroa de espinhos? As vestes que os soldados
tiraram? Já tirámos tempo para abrir estes presentes? É verdade que a única
atitude requerida para a nossa salvação foi o sangue derramado. Mas Ele fez
muito mais! O lugar da crucificação está cheio de presentes (dons) de Deus.
Vamos abrir alguns!
- Cristo
suporta o nosso lado mau (“Porque o que faço
não o aprovo, pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.”
Romanos
7:15).
Nos
momentos que antecederam a crucificação do Senhor há uma cena que muitas vezes
nos passa despercebida. “E, cuspindo
n’Ele…” (Mateus 27:30).
A obrigação
dos soldados era simples: levar o Senhor até ao monte e crucificá-Lo. Mas eles
tinham outra ideia, queriam divertir-se primeiro. Os açoites foram ordenados, a
crucificação também. Mas quem teria prazer em cuspir num Homem quase morto? O
ato de cuspir não tem a finalidade de machucar o corpo. O ato de cuspir é a
intenção de degradar a alma. Eles sentiram-se grandes ao humilhar o Senhor.
Talvez nós
nunca tenhamos cuspido em alguém, mas provavelmente já murmuramos, já
caluniámos! E a sensação de quem faz isso é que acham que são maiores do que
aquele que estão humilhando.
O cuspo dos
soldados simboliza o lixo que por vezes vai no nosso coração, e vê o que o
Senhor faz com isso. Ele o carregou até à cruz! Os anjos estavam presentes mas
não desviaram o cuspo. Aquele que escolheu ser cravado com a lança, suportou
também o cuspo do homem porque conhecia o lado obscuro dele. Na cruz, Jesus
trocou connosco (“Cristo nos resgatou
da maldição da lei, fazendo-Se maldição por nós…” Gálatas 3:13).
- Ele fala a nossa linguagem (“E, também por cima d’Ele estava um
titulo, escrito em letras gregas, romanas e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS.”
Lucas
23:38)
O grego era
a linguagem da cultura regente. O latim era o idioma dos romanos, e o hebraico
era o idioma dos hebreus. Jesus Cristo foi declarado Rei em todas elas. Deus
tem uma mensagem para cada uma. Não há língua que Ele não fale. E a pergunta é
esta: “Em que linguagem é que Ele está falando contigo?” Não estou a falar do
idioma, mas no teu dia-a-dia. Qual a linguagem que Deus tem utilizado para
falar à tua vida? Deus também fala a nossa língua.
O importante para nós é compreender que
na cruz o Senhor Jesus nos ganhou também o acesso diário ao Pai para falarmos
com Ele!
- Vitória
(“E João, viu que o lenço que tinha estado
sobre a Sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte.”
João
20:7).
Só Deus pode transformar qualquer tragédia em
triunfo. Na sexta-feira da crucificação, João não sabia o que nós não sabemos
agora. Ele não sabia que a tragédia de sexta seria o triunfo de domingo. Mas
não fugiu como os outros. A Bíblia não fala do dia a seguir á crucificação
(sábado), mas podemos imaginar o quanto difícil terá sido esse dia para os discípulos.
Mas quando chegou o domingo João estava lá. Porquê? O Senhor estava morto, o
seu futuro comprometido. Quem lhe garantia que aqueles que mataram Jesus não
viriam atrás dele para também o matarem?
Talvez tenha ficado porque amava o Senhor
Jesus. Para alguns, Jesus era alguém que fazia milagres, para outros era um
Mestre, para outros a esperança de Israel. Mas
para João, Ele era tudo isto e muito mais. Para João o Senhor Jesus era um
Amigo!
E não se abandona um amigo, nem mesmo quando
Ele morre. João ficou perto do Senhor. Era um hábito seu. Ele esteve perto
d’Ele no Cenáculo. Esteve perto d’Ele no Getsémani. Esteve aos pés da cruz
durante a crucificação, e estava perto da sepultura durante o enterro. E nós?
Quando nos encontramos na mesma posição de João, o que fazemos? Quando chega o
“sábado” da nossa vida como
reagimos? Fugimos? Abandonamos o Senhor? Ou permanecemos ao Seu lado? Queremos
a vitória? Queremos o milagre? Então temos de esperar pelo “domingo”!
João através dos trapos viu o poder da vida
(“…Ele viu, e creu…” João 20:8).
E a questão final é esta: Pode Deus neste “domingo” fazer algo parecido na
nossa vida? Pode Ele tornar uma tragédia numa vitória? Não tenho dúvidas. Basta
fazer o que João fez. Ficar perto d’Ele. Da cruz não mana apenas salvação, mas
também dons intermináveis!