Todas as vidas são especiais, ainda que nenhuma seja merecedora do terno cuidado de Deus. Acontece que, à semelhança daquela que veio a dar Jesus à luz, cada um de nós é surpreendentemente abarcado pelo Seu plano. Ele deseja que saibamos que está connosco e que nos separou para um relacionamento especial. Por muito estranho que possa parecer Deus tanto usa pessoas que nos são próximas como circunstância atípicas para nos demonstrar. Se é certo que normalmente ficamos surpreendidos e amedrontados por Deus nos envolver em algo grandioso, até pela consciência que temos da nossa pequenez, é igualmente verdade que Ele nos sossega de imediato. Tal como Maria, somos desafiados a acolher Jesus e a dá-LO a conhecer ao mundo. As impossibilidades que fervilham na nossa mente são desfeitas pela garantia de que o Espírito Santo nos capacitará. Sim, “para Deus não há nada impossível.” E a melhor forma de demonstrar que cremos nisso é concretizando diariamente a oração: “Cumpra-se em mim a Tua palavra.”
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
SILÊNCIOS
Deus permanece atento e comunicativo. Os Seus silêncios não significam que esteja distante ou indiferente. São apenas um dos meios que usa para nos pôr a pensar e nos ajudar a concluir o quanto precisamos d’Ele. Por mais certinhos que tentemos ser, a verdade é que somos incapazes pelos nossos próprios meios de produzir vida. Resta-nos, pois, caminhar fielmente, sabendo que a qualquer momento Deus pode operar uma das Suas coincidências. Aquilo que muitos interpretam como tendo acontecido ao calhas, é o Seu toque sobrenatural. Até a nós nos provoca arrepios e hesitações, a ponto de balançarmos, imagine-se, na hora de Ele responder às nossas orações. Se ao duvidar ficarmos sem voz, continuemos a gesticular a Sua graça. Convém, no entanto, sublinhar que os presentes com que nos mima visam o nosso volte face para Ele. Interiorize-se o Seu amoroso propósito: A reconciliação. Antes de o darmos a saber outros, digamos para nós mesmos: “Deus foi bom para mim.”
DETERMINAÇÃO
Há alturas em que não há tempo a perder. Sendo certo que a vida é muito corrida e urge encontrar momentos para pausar, ainda assim, importa acelerar o passo na hora de expressar os afetos que nos ligam a Jesus. Muito mais do que uma incumbência deve ser um sinal de extrema gratidão. Não se protelem os tributos a render-Lhe. (Nessa linha de pensamento, em jeito de parêntesis, não se tenha retenha o amor à Sua pessoa, tantas vezes (in)visível na figura do próximo.) Que nada trave a determinação de nos abeirarmos d’Ele, nem mesmo as barreiras físicas que imaginamos ter de enfrentar. Se nem a pedra do túmulo foi necessário removermos, as outras pedrinhas também não serão empecilho. Estejamos sempre prontos para ir ao Seu encontro. Na verdade, a vida cristã é isso mesmo: Desfrutar a presença e a companhia de Jesus a cada novo dia. Na certeza que Ele não nos perde de vista e Se encarrega de nos lembrar o Seu perdão (basta reparar quem desejou Ele que fosse primeiramente avisado da Sua ressurreição). Saiamos a correr por esse mundo fora, sem medos, contando a toda a gente que Jesus vive, inclusive em nós.
GRITO
Nem a natureza ficou indiferente à crucificação do Senhor Jesus. Ainda que alguns dos presentes à época, tal como hoje, não tenham captado a dimensão do ocorrido. Ele ali sentiu na pele o fosso criado pelo pecado humano face ao Pai. Daí o grito lancinante que exprime a separação vivida. O abandono que nos esperava recaiu inteiramente sobre Jesus. Há quem opte por olhar para este momento capital da História e se cinja a dissecá-lo teologicamente, sem se comover com a Sua dor. Péssima escolha é dar lugar à especulação e à curiosidade mórbida, ao invés de exercitar a contrição. É na prática introspetiva que melhor se percebe o alcance da Sua triunfante morte. Ele restabeleceu o caminho para o Pai e deu a conhecer o Seu eterno lado amoroso. Daí que muitos “esmagados” pela Sua maravilhosa graça, além de O seguirem por todo o lado, exclamem que Ele é “realmente o Filho de Deus!”
CARREGAR A CRUZ
Carregar a cruz deve ser entendido como algo incontornável por cada cristão. Mais do que uma ordem, Jesus desafiou os Seus seguidores a experimentarem o privilégio de se identificar com Ele. Sim, na estrada da vida qualquer pessoa pode ser apanhada na curva, completamente desprevenida, para iniciar uma jornada em favor de Cristo. Abençoada surpresa! Mesmo que no início possa dizer-se que jamais nos passaria pela cabeça semelhante trajeto. Ainda que até tenham sido outros a empurrar-nos (in)voluntariamente para tal carga de trabalhos, há que reconhecer que a nossa caminhada nunca mais foi a mesma. A percepção do peso do trilho da cruz marcou-nos indelevelmente a alma, de tal forma que o amor é agora a marca de água a transmitir às gerações seguintes.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2025
NÃO QUERO UM DEUS QUE FUNCIONE
Já decidi:
Não quero um deus que funcione segundo minhas expectativas.
Não quero um deus que funcione de acordo com minhas orações.
Não quero um deus que funcione de acordo com a
minha noção de justiça.
Não quero um deus que funcione a partir das minhas
chantagens religiosas e minha birra espiritual.
Não quero um deus que funcione na solução dos meus
problemas, para me arranjar um emprego ou para curar as minhas enfermidades.
Não quero um deus que funcione à base da manivela
da minha prática religiosa e de minha limitada piedade.
Não quero um deus que funcione para aliviar a minha
mente stressada e o meu coração carregado dos cuidados deste mundo.
Rejeito este relacionamento utilitário com Deus. De olhar para Ele como uma máquina de abençoar
pessoas. Como essas máquinas de refrigerante que nós encontramos nas lojas de
conveniência. Uma máquina que, para funcionar, precisa das moedas do dízimo e
das ofertas, da oração, da leitura da Bíblia, do jejum, do exercício constante
e rígido para manter a santidade e não pecar, e assim por diante. Não quero
um deus conveniente.
Rejeito esse evangelho que diz que Deus me
abençoará apenas quando eu fizer determinadas coisas corretamente, que irá
amar-me mais se eu tiver determinadas atitudes, que irá escolher-me para coisas
importantes se o meu coração estiver perfeito na Sua presença.
Não quero um deus que funcione a partir de mim
mesmo. Esse não é o deus verdadeiro, mas, sim, o resultado frágil do meu
próprio egoísmo, que, lá no fundo, busca um deus que lhe sirva para todos os
fins.
Não, não quero um deus para funcionar.
Eu quero um Deus para me relacionar, para conhecer na intimidade, para reconhecer a Sua
soberania e submeter-me aos Seus propósitos.
Quero um Deus para adorar, para amar, para me
entregar, mesmo que na minha vida as coisas não funcionem como eu gostaria.
Quero um Deus para crer e manter-me fiel, ainda que
isso implique em permanecer enfermo, desempregado, ou viver outras
circunstâncias contrárias.
Não estou procurando funcionalidade, mas
relacionamento. Talvez, o mesmo
relacionamento do filho pródigo com o seu pai (Lucas 15). Um relacionamento baseado na graça e no amor do
Pai, o qual, em todo tempo, manteve aberta a porta do abraço. Quero ter com
Deus o relacionamento de Aarão, cujo privilégio foi ouvir do próprio Deus: “Na sua terra
herança nenhuma terás, e no meio deles nenhuma porção terás: eu sou a tua
porção e a tua herança no meio dos filhos de Israel” (Números 18:20).
Já decidi: Esse será o grande alvo da minha vida!
segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
OBEDECER
Deveria ser mais do que natural para um cristão perguntar a Jesus como é que Ele deseja que as coisas decorram, sobretudo tratando-se de celebrações especialíssimas. É suposto que quem O segue, em vez de chamar a si o controlo de todos os cordelinhos, procure assegurar-se das Suas intenções. Tanto mais que Ele não deixa ao acaso certos pormenores. Ceda-se, pois, à Sua vontade ao invés de querer levar por diante determinados caprichos pessoais. Ouvido o Seu plano, toca a concretizá-lo. Haja disposição imediata para agir segundo as Suas instruções. Mesmo quando parece que o passo seguinte se assemelha a encontrar uma agulha num palheiro, Jesus tratará de o sinalizar de forma inusual. Quem está pronto para obedecer acaba por encontrar muitas outras pessoas a servir fielmente. Os olhares poderão até incidir nos seguidores com maior visibilidade, mas abençoados são os que O honram na sombra, colocando tempo e bens às Suas ordens. Contudo, feitas as contas, os louros recaem em Jesus que providenciou tudinho para que a libertação ocorresse e fosse celebrada!
CONFIAR
Os cristãos verdadeiros sempre serão alvo de perseguição. Nada que já não saibam, pois o Senhor Jesus alertou-os para essa inevitabilidade. Acontece que em situações de comodidade é negligenciado tão sério e pertinente aviso. No entanto, há que arregalar o olho, pois o mal espreita por todo o lado. Mesmo onde não se suporia que conseguisse fazer estragos com as suas insidiosas ações. Exatamente como no passado, também hoje se levantam “deuses humanos” que pretendem usurpar o senhorio que só a Jesus Cristo pertence. Atos tresloucados são cometidos ao minuto visando a extinção da fé. Nestas ocasiões, que estão a ser sentidas na pele por milhares dos Seus seguidores, resta tentar escapar sem olhar para trás. Fuja-se com o coração nas mãos de Deus! Confie-se na Sua provisão, ao invés de procurar segurança nas construções terrenas ou nos bens materiais acumulados, até porque Ele é misericordioso e abreviará o sofrimento dos Seus!
HUMILDADE
Nós que por vezes temos a mania das grandezas ficamos a bater mal quando o Senhor Jesus desmonta esses nossos tristes tiques. Apegamo-nos a detalhes que Ele desconsidera por inteiro. Enquanto ficamos inebriados com estruturas, Ele vê-as como passageiras. Aliás, boa parte do Seu raciocínio escapa-se-nos porque nos distraímos com aquilo que é periférico. Tudo porque deveríamos guardar algum tempo para processar o que nos sussurrou ao coração, ao invés de “chamar a Sua atenção” para algo secundaríssimo. Engravidamos pelos olhos, impressionando-nos com dois dos pilares do mundo secular: poder e imponência. O que maravilha o ego humano está longe de encantar o Senhor Jesus. O supra sumo da arte e o esplendor da arquitetura terrena desmorona-se em menos de nada. Garante-o Jesus e Ele jamais se equivoca. Espantemo-nos, sim, com o templo perene que Ele deseja construir nos nossos corações!