sexta-feira, 30 de junho de 2023

A COMUNHÃO NA IGREJA

A Igreja, no seu início, era dedicada à comunhão. Os crentes eram um de coração e mente (“E era um o coração e a alma daqueles que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria…” Atos 4:22). 

Quando oravam, reuniam-se em torno de uma causa comum, confessavam a mesma Palavra e levantavam a voz juntos (“E, soltos eles, foram para os seus, e contaram tudo o que lhes disseram os principais dos sacerdotes e os anciãos. E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o que fizeste o céu, e a terra, e o mar, e tudo o que neles há.” Atos 4:23,24).

O poder que os libertou abalou a estrutura do prédio em que oravam e os alicerces da comunidade em que serviam (“E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos, e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a Palavra de Deus.” Atos 4:31; “E louvavam a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se haviam de salvar.” Atos 2:47).

 A oração de Jesus Cristo pela unidade foi respondida e o Seu desejo realizado (“Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela pregação deles hão-de crer em mim. Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviastes.” João 17:20,21).


No nosso mundo moderno, onde a expressão de opinião pessoal é defendida e a crítica não é controlada, está-se a perder um dos poderes transformadores da Igreja: A comunhão!

Estamos nós a perder o extraordinário poder da comunhão?

Como promover então a comunhão, para que ela não se perca?

- Devemos dedicar-nos a verdades centrais, e não a interpretações pessoais (“Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há-de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a Palavra, instes a tempo e fora de tempo, exortes com toda a longanimidade e doutrina.” 2Timóteo 4:1,2).

 - Deixar a murmuração e a crítica (“E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tão pouco ainda agora podeis. Porque ainda sois carnais, pois havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu sou de Apolo; porventura não sois carnais?1Coríntios 3:1-4).

- Promover a generosidade para com os outros (“E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra.” 2Coríntios 9:6-8).

- Orar com outras pessoas em torno de um tema comum (“E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores…e servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos os enviaram.” Atos 13:1,2).

 

“NISTO CONHECERÃO QUE SOIS MEUS DISCÍPULOS: SE VOS AMARDES UNS AOS OUTROS.” JOÃO 13:35

sábado, 24 de junho de 2023

O QUE SOMOS?

     Perto do fim da sua vida, o Apóstolo Paulo escreveu a Timóteo e deu-lhe uma tarefa. Ele pediu que ele transmitisse o que havia aprendido a algumas pessoas confiáveis (2Timóteo 2:1,2). Paulo sabia que o seu legado dependia da fidelidade de Timóteo.

Para demonstrar o seu ponto de vista, Paulo usou três imagens de confiabilidade: um bom soldado, um atleta vitorioso e um lavrador trabalhador.

Em primeiro lugar usou a figura de um soldado para ilustrar o seu ponto. Ele escreveu: “Sofre, pois, comigo, as aflições como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” 2Timóteo 2:3,4. Mas porquê essa analogia?

Paulo queria que Timóteo sobrevivesse ao conflito e completasse a tarefa, e ele sabia que a simples obediência era a chave para o seu sucesso futuro. Não são as nossas habilidades que agradam a Deus, mas a nossa submissão.

Obedecemos às ordens divinas? “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.” João 15:14

Somos facilmente distraídos por atividades sem importância? Poderíamos ser descritos como bons soldados de Jesus Cristo?

Em segundo lugar, ele usa a figura do atleta. “E, se alguém também milita, não é coroado, se não militar legitimamente.” 2Timóteo 2:5.

Cumprir as regras parece uma qualidade estranha de se mencionar. Ele não destaca a disciplina, a força ou o preparo físico de um atleta.

Mas Paulo escolheu um atleta que conhecia as expectativas – que seguia as regras – que não pegava atalhos – que se recusava a cruzar os limites estabelecidos – que não aldrabava. Não são esses os melhores parâmetros de fidelidade?

Estamos plenamente conscientes do que é exigido de nós? Trabalhamos dentro de parâmetros divinos? Somos detentores de regras ou violadores de regras? Receberemos a coroa de um vencedor?

 Ele sabia que a tarefa exigiria muito trabalho, então a ilustrou com uma imagem memorável, a do lavrador. “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.” 2Timóteo 2:6.

A agricultura é um trabalho árduo. Os dias são longos e muitas vezes começam cedo. O clima, do qual depende a colheita, costuma ser imprevisível e ocasionalmente devastador. Grande parte do trabalho é desconfortável, invisível e não anunciado.

Mas, apesar desses desafios, as recompensas de longo prazo são imensuráveis. Os agricultores não só podem desfrutar dos frutos do seu trabalho, mas também são administradores de uma valiosa herança – a terra emprestada na qual trabalham.

Esta é uma imagem da incumbência do reino que nos foi dada.

Nós apreciamos o seu valor? Somos fiéis à nossa mordomia? Estamos preparados para lhe dar o empenho que merece?

terça-feira, 20 de junho de 2023

O NOSSO CORAÇÃO (Parte 2)

     Três testes para um coração saudável: A nossa fala, o nosso foco, os nossos pensamentos e as nossas escolhas.

Eles agem como luzes de alerta no nosso monitor cardíaco espiritual.

O primeiro deles, a nossa fala, talvez seja o sinal mais fácil de ler. Jesus disse: “... a boca fala do que o coração está cheio …” (Mateus 12:34), e o Apóstolo Paulo escreveu que, “Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Romanos 10:10).

Os nossos corações e a nossa fala inseparáveis. As nossas palavras podem nos absolver ou condenar, curar ou ferir.

Mentira, murmuração e palavrões não são apenas pecados, são indicadores de um problema cardíaco espiritual!

Temos tendência a exagerar ou distorcer a verdade para parecer melhor?

A nossa linguagem é limpa ou impura? Acreditamos em uma coisa, mas dizemos outra?

 

Em segundo lugar, o nosso foco.

A era da informação em que vivemos é um mundo de distração.

Olhamos para nossos dispositivos portáteis em vez de olhar para onde estamos indo. Os écrans dos dispositivos eletrónicos   competem pela nossa atenção, até que olhamos - mas não conseguimos ver.

Somos inundados de informações. Atualizações de notícias, desastres globais, desafios locais e opiniões pessoais. Estamos aqui – mas não totalmente presentes.

O nosso “monitor de saúde cardíaca” espiritual no nosso painel de controle da vida está piscando e apitando – mas muitas vezes estamos distraídos demais para perceber. Se queremos evitar um acidente inevitável - precisamos aprender a nos concentrar.

Precisamos  de parar de nos focarmos naquilo que é temporal, que nos traz tanta ansiedade, e começar a focar-nos no que é eterno, que nos trará paz (“Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas coisas que se não veem; porque as que veem são temporais, e as que se não veem são eternas.” 2Coríntios 4:18).

Em terceiro lugar, os nossos pensamentos.

 Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo.” 2Coríntios 10:5

O que dizem os nossos pensamentos sobre a saúde do nosso coração?

Se estamos lutando contra pensamentos negativos, ansiosos ou imorais, o que estamos fazendo a respeito disso?

 

 

O quarto e último indicador são nossas escolhas.

Sabemos que a saúde espiritual do nosso coração é ruim quando fazemos escolhas erradas.

 Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem ordenados! Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal.” Provérbios 4:26,27).

É um conselho simples, mas vital. As nossas escolhas diárias e nossos passos intencionais nos mantêm no caminho certo.

Um coração natural tem quatro câmaras. Duas câmaras menores (os átrios) que recebem sangue e duas câmaras maiores (os ventrículos) que fornecem sangue.

O coração recebe sangue oxigenado dos pulmões e o distribui para o corpo. Em seguida, recebe sangue desoxigenado do corpo e o entrega aos pulmões. Tudo o que um coração faz é receber e dar. É o ritmo da vida.

Esta é uma imagem maravilhosa do nosso coração espiritual. Jesus resumiu o ministério do reino dizendo: “…de graça recebestes; de graça dai…” (Mateus 10:8). Tudo o que devemos fazer é receber e dar.

Num coração natural, a direção do fluxo é importante – não queremos que o sangue flua na direção errada. É o mesmo com um coração espiritual.

Então, o que é que flui do teu coração?

Como reages às críticas? Consegues perdoar? Louvas a Deus apesar das dificuldades?

Num coração natural, um fluxo sanguíneo desimpedido é essencial, e quando há obstruções isso é um problema. Existem vários bloqueios cardíacos – todos eles graves – alguns desastrosos.

          Estes bloqueios espirituais do coração decorrem de uma falha em entender a misericórdia e a graça de Deus. A Sua misericórdia não nos dá o que merecemos, e a Sua graça nos dá o que não merecemos.

 

Aceitamos que merecemos julgamento e não misericórdia?

Entendemos que podemos dar graça porque nos foi concedida graça?

Reconhecemos que Deus sempre merece o nosso louvor?

 

 

O NOSSO CORAÇÃO (Parte 1)

Provérbios 4:20-24

O coração, neste contexto, representa o nosso ser interior, pelo que a sua saúde é de vital importância.

De acordo com este versículo, nosso coração afeta todos os aspetos de nossas vidas – a maneira como sentimos, pensamos e escolhemos.

E, de acordo com Jesus Cristo, também afeta a maneira como falamos. Ele disse: “…a boca fala do que o coração está cheio…” (Mateus 12:34).

A saúde do nosso coração espiritual deve ser a nossa mais alta prioridade. Com isso em mente, vamos pensar nisto:

Quando é que foi a última vez que fizemos “um ECG” espiritual?

Como podemos evitar um ataque cardíaco espiritual?

Quando visitamos os cardiologistas, eles geralmente iniciam a consulta com perguntas.

Qual é a sua idade? Existe um histórico de problemas cardíacos na sua família? Você fuma? Conte-me sobre sua dieta? Você faz exercício regularmente?

Eles fazem isso porque a nossa história pessoal, a nossa dieta e o nosso estilo de vida afetam a saúde do coração. Uma verificação espiritual do coração requer as mesmas pesquisas.

A passagem em Provérbios 4:23, começa com a frase “meu filho” (Provérbios 4:20). A saúde do nosso coração espiritual está alicerçada na nossa história pessoal – na nossa identidade.

Precisamos saber que Deus é nosso Pai. Precisamos saber quem somos em Cristo. Precisamos saber que o Espírito Santo é nosso Companheiro e Advogado.

Na Epístola aos Efésios, Paulo diz que somos escolhidos pelo Pai, incluídos no Filho e marcados pelo Espírito (Efésios 1:3-14). Essas revelações são assuntos do coração e por isso ele ora para que os olhos do nosso coração sejam iluminados (Efésios 1:18).

Todos nós sabemos que nosso coração pode ser afetado pelo que comemos. Uma dieta pouco saudável pode levar a artérias bloqueadas – ou pior. Tragicamente, muitas vezes ignoramos os conselhos médicos e sofremos as consequências.

Mas o mesmo pode ser verdade para o nosso coração espiritual. Somos constantemente desafiados a nos alimentar com a verdade da Palavra de Deus e, no entanto, muitas vezes a negligenciamos ou a substituímos por “fast food espiritual”.

Se fizermos disso o nosso hábito, não apenas ficaremos espiritualmente desnutridos, mas também correremos o risco de sofrer um ataque cardíaco espiritual!

Não é de admirar que o Senhor Jesus nos desafiou a nos sustentarmos com a Palavra de Deus. Ele disse: “...Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus...” (Mateus 4:4).

O Senhor Jesus sempre alimentou a Sua vida com promessas e propósitos divinos. Fazemos nós o mesmo?

Temos nós o cuidado de evitar aquelas fofocas tentadoras que sabemos que nos vão ferir o nosso coração?

Ou nos banqueteamos com a bondade da palavra de Deus diariamente?

Todos sabemos que o exercício é essencial para a saúde do coração e, no entanto, muitos de nós não somos tão disciplinados nesta área vital como deveríamos ser. Isso também é verdade sobre nossa saúde espiritual do coração.

A passagem em Provérbios, desafia-nos a guardar as palavras de Deus no nosso coração porque, “…são vida para quem as encontra e saúde para todo o corpo…” (Provérbios 4:22).

O nosso espírito e a nossa alma precisam de um treino para manter o nosso coração forte.

A nossa fé precisa de  ser exercida proclamando a mensagem de Deus.

          A nossa alma precisa de ser revigorada por meio de leituras difíceis e pensamentos desafiadores.

As disciplinas espirituais são exatamente isso – disciplinas. Elas não são feitas para serem fáceis. Elas precisam de ser diárias e exigentes.

 

quarta-feira, 14 de junho de 2023

DEUS de CONSOLAÇÃO

     Deus pode fazer-nos sentir confortáveis mesmo nos locais mais desconfortáveis (“E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. O qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou os pés no tronco. E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.” Atos 16:23-25).

Ele pode libertar-nos de situações nas quais pensávamos que ficaríamos presos para sempre (“O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele.” Génesis 40:23; “Então falou o copeiro-mor a Faraó, dizendo: Dos meus pecados me lembro hoje: Estando o Faraó mui indignado contra os seus servos, e pondo-me sob prisão na casa do capitão da guarda, a mim e ao padeiro-mor. Então sonhámos na mesma noite, eu e ele, conforme a interpretação do seu sonho sonhámos. E estava ali connosco um mancebo hebreu, servo do capitão da guarda, e contamos-lhes, e interpretou-nos os nossos sonhos, a cada um interpretou conforme o seu sonho. E, como ele nos interpretou, assim mesmo foi feito: a mim me fez tornar ao meu estado, e a ele fez enforcar. Então enviou Faraó, e chamou a José, e o fizeram sair logo da cova; e barbeou-se e mudou os seus vestidos, e veio a Faraó.” Génesis 41:9-14).

Ele pode dar-nos paz, mesmo no meio do drama (“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” João 14:27).

 Antes da nossa vida acabar, viveremos, amaremos e experimentaremos, também, a perda (Exemplo: A vida de Jó).

Perder algumas coisas ajudar-nos-á a apreciar as coisas que ainda temos. É o sabor do falhanço que faz o sucesso ser tão doce. Como se pode celebrar a vitória se nunca se soube o que era perder? Podemos viver cada dia sem saber o que o amanhã nos reserva, mas saberemos que Deus sustém todos os nossos amanhãs.

Eles não estão nas mãos do teu patrão, dos governantes ou de outra pessoa qualquer. Nem estão nas tuas mãos para que os possas manipular ou controlar. Não, todos os nossos amanhãs estão nas mãos de Deus!

Ele estará lá quando tudo e todos já tiverem ido embora. Ele estará lá para ti e para mim nos locais mais escuros. A promessa d’Ele para nós é: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Salmo 30:5). Não importa o quão longa tem sido a noite, a manhã nasce sempre e com ela a Sua alegria. Pensa nisto, a noite pode ter sido escura, mas sobreviveste sempre para ver a manhã. Não foi? De alguma forma, a Sua graça protegeu-nos, deu-nos tudo o que precisávamos, amparou-nos, acalmou-nos, confortou-nos e ajudou-nos a ultrapassar todas as coisas.

O tempo passa, as estações mudam, mas Deus não. Ele será sempre o Deus de toda a consolação, e Ele está a olhar por nós Hoje!

“…e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação do séculos.” Mateus 28:20

quinta-feira, 8 de junho de 2023

A TEOLOGIA DA CRUZ

     O Apóstolo Paulo deixou-nos uma riqueza teológica e ética de um valor incalculável. Quando lemos, por exemplo, as epístolas aos Tessalonicenses vimos Paulo a apelar à santidade. As epístolas aos Coríntios exortam à imitação de Cristo. Aos Romanos somos estimulados a vivermos para a justiça de Deus que há em Jesus Cristo. Aos Colossenses, Paulo lembra a Igreja que Cristo em nós é a esperança da glória.

Mas é aos Filipenses que o Apóstolo fala nas mais profundas verdades espirituais para moldar o perfil e os contornos da vida cristã. Ele escreve sobre uma vida completamente centralizada em Cristo (“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” 1:21).

Paulo adota de bom grado um credo que considera tudo “como perda” em favor de conhecer Cristo, o poder da Sua ressurreição e a participação nos Seus sofrimentos (“Mas o que para mim era ganho, reputei-o perda por Cristo.”; “Para conhecê-Lo, e à virtude da Sua ressurreição, e à comunicação das Suas aflições, sendo feito conforme à Sua morte.” 3:7,10).

Fala de um desejo de sepultar o passado e caminhar para as coisas que estão adiante (“Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim. Prossigo para o alvo, pelo prémio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” 3:13,14).

E é nos primeiros dez versículos do capítulo três que encontramos o relato da mudança radical de Paulo. E esta mudança começa com a reformulação das ambições e expetativas da sua vida.

A chamada que o Senhor Jesus faz é diferente daquela que os rabis faziam aos seus discípulos. A chamada do Senhor Jesus exige aceitação, entendimento, vida e divulgação. Não é a adoção de uma filosofia e expressá-la por meio de um determinado comportamento. Tão pouco é o cumprimento de certos ritos. Carregar a cruz não é um ritual! É uma chamada para se juntar ao Senhor Jesus e seguir com Ele!

Paulo é intercetado pelo Senhor na estrada de Damasco e confrontado com as questões mais importantes da sua vida:

- Seria a sua missão uma mentira, uma ilusão?

- Aquele a quem ele “perseguia” o estaria desafiando a revelar o Messias crucificado e ressurreto? Ao responder afirmativamente Às duas perguntas, Paulo entrega-se a Cristo e toma a sua cruz!

Neste capítulo três, ele exibe a sua linhagem e os impressionantes recursos de que era possuidor: A sua vida como religioso antes do encontro com o Senhor. Ele fala dos bens que herdara desde o nascimento e dos recursos que obtivera por meio da capacidade pessoal. Ele interpretava a Lei com precisão e provara a sua devoção a essa mesma Lei, ao perseguir os que não a cumpriam, chegando a considerar a ele mesmo “irrepreensível” (3:6).

Mas o que aconteceu a caminho de Damasco assolou aquelas convicções. Os valores judaicos mais elevados, pureza de raça, zelo ardente, moralidade, tornaram-se inúteis para Paulo.

O espantoso veredito a que Paulo agora chega é que o que há de melhor aos olhos dos judeus, nenhum valor tem para ele agora!

As consequências dessa experiência são registadas nos versículos 7 e 8: “Mas o que para mim era ganho, reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo.”

Existe uma diferença radical entre o Paulo fariseu e o Paulo cristão. O seu encontro com o Senhor é uma inversão grandiosa. Os seus pontos culminantes transformam-se em abismos, a sua segurança em desorientação, a sua luz em trevas, e as suas qualidades em defeitos.

A cruz exige que sigamos as pegadas de Cristo. Ele abriu mão dos Seus direitos como Deus, enquanto nós, muitas vezes, queremos ter todos os direitos! A cruz exige um não ao egoísmo, um não ao eu!

Paulo abandona o “eu” em prol de uma Pessoa e de um propósito: Descobrir Cristo e conhecê-Lo (“Para conhecê-Lo, e à virtude da Sua ressurreição…” 3:10). O seu desejo agora não é perseguir aqueles que seguiam o Senhor, mas antes o seu desejo é compartilhar uma vida íntima e absoluta com o Senhor ressuscitado!

A renúncia a um estilo de vida (“…não tendo a minha justiça que vem da Lei…” 3:9), a favor de outro estilo (“…a saber, a justiça que vem de Deus pela fé.” 3:9).

Isto é o que (devia) ocorre quando renunciamos ao nosso “eu” ao aceitarmos o perdão do Senhor Jesus.

O mundo precisa desesperadamente de uma espiritualidade autêntica como a de Paulo. Neste tempo que estamos a viver, Deus anseia por pessoas que dêem um passo em frente, tomem a cruz e O sigam!

AVIVADOS

     Estamos numa época de graça e favor sobrenatural de Deus. Deus deseja para nós vivermos uma vida plena, alegre e com propósito. Para que isso seja eficaz na nossa vida precisamos de acreditar que a graça e o favor de Deus estão lá para nos receber.

Enquanto os israelitas estavam em cativeiro, desesperados e humilhados, Esdras escolheu ver graça e o favor de Deus, mesmo que as circunstâncias lhe dissessem que ele deveria estar-se sentindo condenado e derrotado (Esdras 9:8,9).

Para que Cristo nos transformar a partir das nossas humilhações e erros do passado, temos de acreditar na graça e no favor de Deus para as nossas vidas. Precisamos de dizer "adeus" para uma mentalidade de vítima, e derrota e, escolher ver as bênçãos e oportunidades que Deus tem para nós.

Para muitos de nós, este processo de derramamento de mentalidades e atitudes velhas é uma longa jornada. Para outros, pode ser mais rapidamente. Mas, não importa a nossa situação atual, todos nós somos filhos de Deus! Fomos todos salvos por Jesus e designados como família de Deus. Somos parte de uma comissão que é banhada por graça de Deus e Seu favor!