“Havia” pelo menos cinco barreiras entre a mulher samaritana e Cristo:
1) Do sexo. Os discípulos ficaram surpreendidos que Jesus estivesse a conversar com uma mulher (vs.27). Os rabis nem queriam que as mulheres fossem educadas.
2) Da nacionalidade. Não nos podemos esquecer que Cristo é o Salvador do mundo inteiro e não de uma raça ou povo em especial.
3) Do carácter. A mulher samaritana sabia que não havia Rabi que se chegasse perto dela. Embora Jesus, como Messias, viesse da tribo de Judá, nunca se chamou “Filho de Israel”; sempre é Filho do HOMEM, da Humanidade inteira. Não havia lugar na Sua mente e no Seu coração para qualquer tipo de preconceito.
4) Da ignorância. Os descrentes, perguntam porque é que, se a vinda de Jesus fez tão grande transformação como os crentes dizem, porque é que os filósofos gregos e romanos não O reconheceram? Mas a ignorância de uma coisa não é prova de que tal coisa não exista. A ignorância desta mulher (vs.11), não era maior do que a de Nicodemos (João 3:4). Nas coisas de Deus, os mais educados não têm vantagem sobre os menos educados.
5) Da religião. (vs.20). Havia já muitos séculos que havia contenda entre Judá e as dez tribos sobre esta questão (1Reis 12:1-33). Mas quando Jesus terminou o Seu discurso com ela, todas as barreiras estavam ultrapassadas. A mulher recebeu novos horizontes sobre a vida, o seu carácter foi transformado e a sua alma iluminada.
Em vez de erguermos os punhos contra uma cultura secular, e de sermos separatistas alienados, sequestrados em enclaves cristãos, devemos transformar os lugares ao nosso redor em catedrais com o nosso testemunho. Se a Igreja de hoje puser de lado a sua raiva e frustração e, ao invés, disso entoar a mensagem da salvação nos lugares onde é necessário, talvez possa espantar um mundo cansado com o poder do Evangelho.
A Igreja não e um grupinho especial, isolado, à parte, permanecendo intocado nas mudanças do mundo. A Igreja de Cristo habita no mundo com o objectivo que ele, mundo, seja salvo pela nossa fé (1João 5:4). Não habitamos no mundo para condená-lo, mas para amá-lo!
A nossa tarefa não é protestar junto do mundo a favor de uma certa conformidade moral, mas atrair esse mesmo mundo para a salvação que só há em Jesus! E fazemos essa tarefa melhor não pelo protesto ou pela acção política, mas por exercer uma presença santa no mundo.
Mas não pudemos confundir a nossa missão de sermos fiéis, como sociedade alternativa de Deus, com a tentativa de dirigir o mundo pela imposição do Cristianismo. Quando João e Tiago, a quem, por razões óbvias, Jesus chamou "filhos do trovão", expressaram o desejo de reinar com Cristo, na versão imaginaria deles de Jesus como César, Jesus deixou muito claro que eles não sabiam do que estavam a falar, e que a via do domínio político nunca seria a vida do Seu reino (Marcos 10:35-45). Jesus disse: "Não será assim entre vós!" (Marcos 10:43). Jesus estava a fazer algo novo e verdadeiramente belo. Jesus disse a Pilatos: "O meu reino não é deste mundo." Faz parte da beleza do mistério do Cristianismo que o Reino de Deus venha, não pela espada do poder político, mas pela cruz do amor.
É verdade que vivemos num mundo em que muitas coisas estão erradas mas o que está mais errado com o mundo não são as pessoas, mas sim a distorção da Humanidade provocada pelas forças espirituais da maldade, que colocam nas pessoas a ganância, o orgulho e a luxuria, e consequentemente leva a que o que Deus criou seja distorcido.
Como seguidores de Cristo, somos chamados para demonstrar uma autêntica alternativa cristã. Foi isto que o Senhor Jesus fez com a mulher samaritana. Não a coagiu a nada, mas mostrou-lhe que havia uma alternativa, se ela quisesse, para mudar de vida. É assim que somos sal e luz.
É assim que fazemos brilhar uma cidade no topo de uma colina. Temos de ser o modelo do que significa ser como Cristo num mundo semelhante a César.
Mas ser como Cristo num mundo semelhante a César exige que abracemos a cruz!
Alguém disse (Arcebispo Lazar Puhalo): “A verdadeira moralidade consiste no cuidado que temos pelos outros, não com o tipo de comportamento que lhe queremos impor.”
A obsessão com os resultados e a exigência de ver uma forma rápida e lógica, em que a presente acção produzirá o bem desejado, são a via de César, mas não a via da cruz. A obsessão pelos resultados é, entre outras coisas, um abandono da fé.
Pedro estava pronto a lutar. Mas Jesus disse a Pedro que guardasse a sua arma. Não iria haver uma revolução sangrenta. Nem mesmo um protesto. Em vez disso, Jesus foi à cruz e morreu. Ao rejeitar a via de César, Cristo mostrou que o mundo podia ser encarado de forma diferente. Não de acordo com o uso da força, do poder ou da subjugação, mas do amor ágape.
Não nos esqueçamos da oração do Senhor Jesus: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito.” (Lucas 23:46). Podemos compreender a oração do Senhor Jesus como algo assim: “Pai, obedeci-te, mostrei ao mundo o teu caminho, mas o mundo rejeitou-me. Perdoo-os, mas estou a morrer. Agora, confio-te tudo.”
Esta é a via da cruz. É o caminho da fé. Ele teve de confiar ao Pai os resultados.
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