sexta-feira, 4 de novembro de 2016

CAIR

Está escrito em Daniel 8:18, que o profeta caiu, ninguém assoprou para derrubá-lo, e imediatamente o Senhor o levantou. O versículo anterior diz que Daniel, por espontânea vontade, caiu de joelhos, prostrado, em sinal de adoração, caindo para a frente. Da mesma forma, em Daniel 10.9, Daniel cai para a frente, com o rosto em terra, bem diferente dos “neovertiginosos” que caem para trás. Em Ezequiel 43:3, ele prostra-se com o rosto em terra, em sinal de reverência.
Quando à queda de Paulo, em Actos 9, é necessário entender que se tratava de um pecador, um perseguidor que, a partir dessa experiência, tornou-se um grande pregador e ensinador da Palavra de Deus. Contudo, a Bíblia não regista outras situações em que o Apóstolo tenha caído e tampouco ele próprio faz apologia de tal prática. Em Actos 20:20, Paulo enfatiza que jamais deixou de anunciar coisa alguma proveitosa, ensinando publicamente e de casa em casa. Se tal costume fosse útil, ou prática corrente, não haveria dúvidas que o Apóstolo teria recomendado aos seus obreiros para ministrarem o “cair no poder”, facto não ocorrido em nenhuma das suas epístolas. O que não é bíblico, não queremos no nosso meio.
Nas três vezes em que homens caem, no Novo Testamento, o termo no original grego é “pesotes prosekinsan”, que significa cair prostrado em sinal de devoção (Mateus 2:11; Apocalipse 1:17; 5:14).
Das 518 vezes que o verbo cair, aparece na Bíblia, 400 têm sentido pejorativo, como cair da presença de Deus, cair em pecado, cair em desgraça, cair em enfermidade, etc. 100 vezes refere-se a quedas de objectos, casas e fenómenos da natureza. Apenas 18 têm sentido positivo, como semente caindo em boa terra, etc. Destas, há 11 em que os homens de Deus caem para a frente em sinal de reverência, nunca para trás, em toda a Bíblia. Cair para trás, e não para a frente, está associado normalmente a pecado ou desobediência (1Samuel 4:18).
As pessoas que sopram, ou pregam sobre a queda, são apreciadas pela plateia como obreiros “super-heróis”, enquanto as pessoas que caem são consideradas mais espirituais que aquelas que não caem, pois estas são também vistas como insensíveis e, portanto, incrédulas. Isto gera dúvidas, sectarismo e constrangimentos.
Que uma pessoa possa cair cheia do Espírito Santo, até se pode admitir, mas fazer disso parte da liturgia, com cultos rotulados de “cair no poder”, torna estranho tudo que o Novo Testamento nos ensina.
Quanto à “nova unção”, João fala (1João 2:26,27), temos uma referência que se encaixa no assunto abordado: “Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. E a unção, que vós recebestes d’Ele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a Sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim n’Ele permanecereis.”

Desse modo, não pode haver uma nova unção, e sim uma renovação. “Nova unção” pressupõe um novo evangelho; portanto, um evangelho estranho. Em Gálatas 1:8, Paulo escreveu: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” 

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