Está escrito em Daniel 8:18, que o profeta caiu,
ninguém assoprou para derrubá-lo, e imediatamente o Senhor o levantou. O
versículo anterior diz que Daniel, por espontânea vontade, caiu de joelhos,
prostrado, em sinal de adoração, caindo para a frente. Da mesma forma, em Daniel 10.9, Daniel cai para a frente, com o rosto em terra,
bem diferente dos “neovertiginosos”
que caem para trás. Em Ezequiel 43:3,
ele prostra-se com o rosto em terra, em sinal de reverência.
Quando à queda de Paulo, em Actos 9, é necessário entender que se tratava de um pecador,
um perseguidor que, a partir dessa experiência, tornou-se um grande pregador e
ensinador da Palavra de Deus. Contudo, a Bíblia não regista outras situações em
que o Apóstolo tenha caído e tampouco ele próprio faz apologia de tal prática.
Em Actos
20:20, Paulo enfatiza que
jamais deixou de anunciar coisa alguma proveitosa, ensinando publicamente e de
casa em casa. Se tal costume fosse útil, ou prática corrente, não haveria
dúvidas que o Apóstolo teria recomendado aos seus obreiros para ministrarem o “cair no poder”, facto não ocorrido em
nenhuma das suas epístolas. O que não é bíblico, não queremos no nosso meio.
Nas três vezes em que homens caem, no
Novo Testamento, o termo no original grego é “pesotes prosekinsan”, que significa cair prostrado em sinal de
devoção (Mateus
2:11; Apocalipse 1:17; 5:14).
Das 518 vezes que o verbo cair,
aparece na Bíblia, 400 têm sentido pejorativo, como cair da presença de Deus,
cair em pecado, cair em desgraça, cair em enfermidade, etc. 100 vezes refere-se
a quedas de objectos, casas e fenómenos da natureza. Apenas 18 têm sentido
positivo, como semente caindo em boa terra, etc. Destas, há 11 em que os homens
de Deus caem para a frente em sinal de reverência, nunca para trás, em toda a
Bíblia. Cair para trás, e não para a frente, está associado normalmente a
pecado ou desobediência (1Samuel 4:18).
As pessoas que sopram, ou pregam sobre a
queda, são apreciadas pela plateia como obreiros “super-heróis”, enquanto as pessoas que caem são consideradas mais
espirituais que aquelas que não caem, pois estas são também vistas como
insensíveis e, portanto, incrédulas. Isto gera dúvidas, sectarismo e
constrangimentos.
Que uma pessoa possa cair cheia do
Espírito Santo, até se pode admitir, mas fazer disso parte da liturgia, com
cultos rotulados de “cair no poder”,
torna estranho tudo que o Novo Testamento nos ensina.
Quanto à “nova unção”, João fala (1João 2:26,27),
temos uma referência que se encaixa no assunto abordado: “Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. E a unção, que vós
recebestes d’Ele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos
ensine; mas, como a Sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não
é mentira, como ela vos ensinou, assim n’Ele permanecereis.”
Desse modo, não pode haver uma nova
unção, e sim uma renovação. “Nova unção”
pressupõe um novo evangelho; portanto, um evangelho estranho. Em Gálatas 1:8, Paulo escreveu: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho
além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.”
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